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O SONHO DE TODO DITADOR?

O sonho de todo ditador, ao que vemos, é controlar tudo. Mas controle é palavra incipiente hoje, que não demonstra o desejo real nem a possibilidade real que a tecnologia (juntamente com a mídia) possibilitam. Talvez a palavra mais apropriada seja domínio. Controle dá a entender que há algo sendo controlado, que ainda existe um algo, um ser controlado. Domínio, porém, dá o aspecto de absoluto, onde não há “sombras” fora da vontade do dominador. Etimologicamente a ideia é essa, aquele que dita as regras da casa; a casa é sua, as regras são suas, os que estão nela lhe pertencem como sua propriedade, ele tem todo o poder de fazer o que bem entender, libertar ou escravizar, matar ou deixar viver, esta é a origem do termo domínio. O nível de sofisma e autoritarismo nos pronunciamentos de certas autoridades nunca foram vistos antes na história do país. Recentemente um destes ilustres da república disse que bastaria uma única norma a ser editada pelo governo para dar...

INDEX INTERROGATIONUM VETITORUM: a mais nova adição à biblioteca das proibições da história

  Num mundo cheio de malabarismos linguístico sem que vivemos, parece que a criatividade das ‘’auto-ridades’’ para restringir o que podemos e não podemos pensar segue uma vertiginosa escalada. Desta vez entramos na era do "Index Interrogationum Vetitorum", ou para os meros mortais, o "Índice de Questionamentos Proibidos".   Democracia sem Equilíbrio de Forças Sociais: Um Circo sem Redes de Segurança   Já ouvimos falar sobre democracia, onde a voz do povo é supostamente ouvida, mas o que acontece quando essa voz se transforma num grito abafado pela mão do ditador? Já não é democracia, evidentemente. Eis aí a mágica circense da manipulação das palavras. O termo Democracia torna-se uma palavra-fetiche nas mãos dos ditadores. A realidade mostra que não há democracia sem equilíbrio, sem questionamento, sem divergência, e quando um poder subjuga todos os demais, estamos diante de uma antidemocracia. Eis aí onde os trapezistas tentam equilibrar-se numa corda bamb...

A POLÍTICA DOS DUENDES

Em homenagem a Bernardo Guimarães ("Orgia dos duendes", poema original do autor). I Meia-noite soou no Congresso, No relógio de sino do salão; E o líder, soberano do processo, Sentou-se no assento de decisão. Deputado apanhava os projetos E no plenário debates acendia, Revirando discursos complexos, Para uma reforma de grande folia. Ao lado, um político astuto, Que saíra do antro dos conchavos, Pendurado num cargo pelo umbigo, Manipulava subornos aos favos. Senador, uma figura amarela, Resmungando com ar carrancudo, Se ocupava em frigir na panela Os acordos com propinas e tudo. Ministra com todo o sossego A caldeira do esquema adubava Com o sangue de um velho premente, Que ali mesmo co'as unhas sangrava. Empresário fritava nas banhas Que tirou das entranhas do Estado, Salpicado com pernas de aranhas, Frescos contratos superfaturados. Vento norte soprou lá na sala, Prestígio na mesa espalhou; Por três vezes ecoou a matraca, Na coalizão o deputado acenou. E o líder com as m...

eleuterofobia ou o horror à liberdade

Somente patriotas podem vencer a perseguição. Somente cidadãos conscientes podem ser perseguidos por uma elite tirana,  pois a liberdade afeta o poder daqueles que odeiam o país e só pensam em si e em seus aliados famintos de poder . Ser patriota é ser cidadão. O ódio à pátria é a marca do perseguidor. Não me espantaria se logo proibirem você de usar uma bandeira ou de cantar o hino nacional.  Qualquer aceitação daquilo que eles chamam pejorativamente Bolsonarismo (a velha técnica de criar-se uma mancha vergonhosa sobre algum inimigo) seria um suicídio para as elites nacionais que querem eliminar qualquer possibilidade de deixarem o poder do Estado. Nada mais evidente. Estamos lutando com a Bolsonarofobia, que dizer,   a eleuterofobia -   ou horror  à liberdade.  Por isso, as listas puramente Bolsonarofóbicas e as ameaças de repressão contra os patriotas começam a aumentar e circular.  Claro que é o medo de uma mudança nos poderes que dominam o pa...

Quer louvor? Mereça!

Uma figura pública verdadeiramente merecedora do louvor dos cidadãos é aquela que se dedica incansavelmente ao povo. Como dizia o velho Ulysses Guimarães:  "O homem público é o cidadão de tempo inteiro, de quem as circunstâncias exigem o sacrifício da liberdade pessoal..." Quer honra, dê honra, se nos é lícito citar o Santo apóstolo dos gentios. E por falar em gentios, já dizia Cícero: " Justiça extrema é injustiça." E por falar em justiça, colocar os interesses pessoais na frente dos interesses da população é conduta reprovável ao homem público, seja quem for. Não é sem motivo que a declaração americana dos direitos do homem diz claramente que "o s deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de ordem moral, que apoiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam". Quer dizer que antes de uma canetada, se deve ter a consciência e o bom senso sobre o dever moral da mão que segura a caneta e da moralidade do ato em si para que justif...

Vamos falar de música

Vamos falar de música. Estamos numa é poca onde aquelas musicas de protesto, aquelas que Raul até fez troça (embora também as cantasse), hoje algumas seriam inadequadas pela brandura da letra ante gravidade do que vivemos. Os compositores e intérpretes chegariam à conclusão de que hoje deveriam reformá-las para dar maior gravidade ao caso, isso se pudessem fazer (seria um feito próximo ao inimaginável), embora creia que nenhuma rádio as lançaria aos ares.  Por exemplo, já cantaram "que país é este", mas vendo o país hoje, francamente, o termo seria substituído por algo mais apropriado como circo ou puteiro. Nos chamaram de "inúteis", mas pelo que vemos, hoje estamos mais para idiotas e escravos úteis.  "Geração coca-cola", pelo que vemos sair da boca de algumas autoridades, seria mais para geração "descartável". Já chegaram a dizer "...não gosto do governo", mas isso hoje seria terrorismo. Já  falaram pra "alugar o Brasil", o ...

ANTOINE DE SAINT-EXUPERY - CONSCIÊNCIA E VERGONHA

  Lendo 'Terra dos Homens' de Exupery, fui arrebatado por uma imagem que exsurge tão real quanto a vida. Ali, materializa-se das páginas, do gelo das montanhas, um piloto sobrevivente. Nos gélidos cumes e resvalando na morte, caminhava por dias. Buscava manter-se vivo ou, caso morresse, deveria ao menos chegar em um lugar onde o corpo facilmente pudesse ser encontrado pelo bem da amada, uma vez que o desaparecimento impediria que recebesse o prêmio do seguro imediatamente, caindo na penúria.  Ali, o bravo homem, sua memória antes vigorosa, movida pelo amor, passou a definhar-se como o corpo, e a cada parada para um breve alívio, esquecia-se de algo; primeiro uma luva, depois, o relógio, o canivete e, então, a bússola. Relembra o sobrevivente que toda vez que resolvia parar ''eu me empobrecia''. Nesse ponto parei como se me visse ali. Esse esquecimento que envolvia o desventurado piloto, quantas vezes não nos sobrecaiu? Quando é que não paramos alguma vez a march...