O sonho de todo ditador, ao que vemos, é controlar tudo. Mas controle é palavra
incipiente hoje, que não demonstra o desejo real nem a possibilidade real que a
tecnologia (juntamente com a mídia) possibilitam. Talvez a
palavra mais apropriada seja domínio. Controle dá a entender que há algo sendo
controlado, que ainda existe um algo, um ser controlado. Domínio, porém, dá o
aspecto de absoluto, onde não há “sombras” fora da vontade do dominador. Etimologicamente
a ideia é essa, aquele que dita as regras da casa; a casa é sua, as regras são
suas, os que estão nela lhe pertencem como sua propriedade, ele tem todo
o poder de fazer o que bem entender, libertar ou escravizar,
matar ou deixar viver, esta é a origem do termo domínio.
O nível de sofisma e autoritarismo nos pronunciamentos de certas autoridades
nunca foram vistos antes na história do país. Recentemente um destes ilustres
da república disse que bastaria uma única norma a ser editada pelo governo para
dar licença para encaixar qualquer conduta que se julgue contrária à
democracia (claro que democracia na forma imaginada pela distinta casta governante),
e bastaria um sistema de “IA” (inteligência artificial) para rastrear e
censurar todo tipo de manifestação contrária à tal democracia (democracia conforme a imagem e semelhança da excelsa e paradoxal sabedoria da puritana alma do declarante).
Fica evidente que o problema por detrás destas afirmações (tão absolutistas que
fariam Luís XIV corar de vergonha como um menino
travesso) é que, infelizmente, não só é possível como é provável acontecer
em breve. Basta ver o que vem ocorrendo nos últimos dois ou três anos para
concluir que o autoritarismo da esquerda vem crescendo a ponto de condenar cidadãos
manifestantes a 17 anos de cana por um crime tecnicamente impossível (coisa que
deixaria um estudante primeiranista envergonhado de pensar). A coisa é tão
evidentemente sombria que somente uma avalanche midiática de malabarismos bem
remunerados consegue disfarçá-la.
Todos os elementos estão aí. Subjugação das demais instâncias, vontade e
meios materiais de agir (leis, dinheiro, mídia, tecnologia, força armada etc.).
A tecnologia capaz de dar o ‘start’ para materializar esse ‘’terror democrático’’,
começando por varrer a internet e censurar liminarmente qualquer voz opositora
já existe. A mídia de massa (paradoxalmente,
mas nem tanto paradoxal, considerando sua natureza real) dá a essas ações brutais
contra a liberdade, ares da mais monótona normalidade já vivida
pela sociedade brasileira.
Declarações tão tirânicas como a referida, em qualquer país minimamente
democrático, submeteria tais autoridades a uma suspeição imediata para exercer suas
funções.
Enquanto isso, essa inversão do ‘país das maravilhas’ vai se estendendo e
devorando a liberdade que nos resta, um conto onde o anêmico enredo
se compõe de narrativas piedosas, pose de bom-mocismo, prepotência e muita
vaidade, tudo pintado de boas virtudes. O final, porém, é recorrente e medonho:
a decapitação de milhares em nome da liberdade, igualdade e fraternidade. O
Fico por aqui.
*Elvis Rossi da Silva. Cristão,
pai de família, advogado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista
independente.
Livros do
autor: Circo Do Mundo
, Fábulas para Hoje
, Pensamentos ao Filho
, Contos Para a Infância , Plúrimas , Aos Amigos que Não Tenho
Telegram: https://t.me/fakingmeter
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