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MITOMANIA, SEGURANÇA E ELEIÇÕES

 

 Voto Universal, Fiscalização do processo eleitoral, Auditoria dos votos, Opiniões, Jornalistas e Livros, proíba qualquer um destes e teremos algo bem diverso de uma democracia.

 Certas autoridades do Estado, que deveriam levantar sempre a bandeira da liberdade, vêm aumentando a perseguição e a criminalização da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e até de pensamento. Expor os riscos ou crimes contra um sistema usado para dar concretude à democracia é um dever cívico. Apenas o criminoso, que não quer ser descoberto, pode argumentar contra esse dever.

 O sufrágio é o direito que o cidadão tem de escolher seu representante político (é o voto). Fosse um país sério, mecanismos eletrônicos para exercer o voto seria tema contínuo de discussão.

 O sufrágio não pode ter intermediários (mesmo nos sistemas que utilizam o voto indireto, escolhendo-se delegados que depois votarão, o voto direto não deixa de existir no caso da eleição do próprio colegiado e deste para o presidente). 

 Isto quer dizer, por outro lado, que nenhum processo eleitoral pode colocar em risco a vontade do eleitor (seja mediante voto por correio, por aplicativos, ‘internet’, ou até por um E.T. de outro mundo!), não se pode colocar intermediários para ''levar'' o voto da pessoa até onde deve chegar para ser considerado na eleição. Colocar intermediários é violação flagrante ao 'princípio da imediaticidade do sufrágio', pois o voto deve resultar imediatamente da vontade do eleitor, sem qualquer espécie de intermediário (intermediar é interferir, buscar obter algo para alguém, é localizar-se no meio de ou entre duas vontades).

 Embora tal princípio se refira, num primeiro momento, ao fato de que os representantes do povo sejam eleitos diretamente pelo eleitor sem a intermediação de qualquer espécie de “eleitores qualificados” ou eleitores de segundo grau (colégio de eleitores), ele deve ser considerado também como garantia para impedir QUALQUER forma de interferência entre o eleitor e o candidato, impedir que se interponha "QUALQUER OUTRA VONTADE" que promova a escolha do representante (evitar "filtros"). 

 Mas, ainda por partes, explico por que. Quando se trata de sistemas eletrônicos, esse princípio deve ser protegido e aplicado, pois a potencialidade de intermediação no sistema EXISTE. A mera possibilidade (mesmo que remota) de interferência externa no voto deveria, fosse um país sério, exigir não apenas a discussão a respeito, mas mecanismos para verificar se a imediaticidade está sendo observada ou descumprida, isto quer dizer que a possibilidade de auditar os votos deveria ser a regra.

 Sem isso, o princípio da LEGITIMIDADE estará assassinado! Legitimidade significa a garantia contra a arbitrariedade e a desordem, significa dar validade ao processo eleitoral, impedir que vontade popular seja fraudada. 

 Digo mais. Dizer que a segurança dos meios eletrônicos é inquebrável, é o mesmo que dizer que é “perfeita”, o que só pode sair da boca de um mitômano, discípulo direto do próprio Pinóquio.

 Observar a imperfeição dos sistemas eletrônicos por estas bandas é tão fácil quanto mastigar bananas (coisa que até banguelas podem fazer).

 Vamos lá?

Já em 2019 o Brasil estava em terceiro lugar no ranking dos que sofrem mais ataques cibernéticos, atrás da China e dos Estados Unidos, conforme relatório global da Symantec.

7 de novembro de 2018. TSE pede à Polícia Federal apuração sobre invasão 10 dias após segundo turno em 2018 (https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2021/08/04/tse-pediu-a-pf-apuracao-sobre-invasao-10-dias-apos-segundo-turno-em-2018?utm_source=social&utm_medium=twitter-link&utm_campaign=politica--cnn-brasil&utm_content=).

Hackers invadiram o sistema do TSE e pegam dados confidenciais em 2018 após meses dentro do sistema do TSE. Os hackers entregaram as provas da invasão ao Portal de Tecnologia Tecmundo (https://transparenciaeleitoral.org/hackers-invadem-sistema-do-tse-e-pegam-dados-confidenciais/).

Ataque ao Senado em agosto de 2020 acessando sistemas internos (https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/03/19/hacker-preso-por-divulgacao-de-dados-foi-denunciado-por-invasao-a-sistemas-do-senado-federal.ghtml).

Novembro de 2020. Sistema eletrônico do STJ é ‘’hackeado’’, permanecendo fora do ar por vários dias.

2020. A Fortinet Threat Intelligence Insider Latin America, empresa que analisa incidentes de segurança cibernética, relatou que o Brasil sofreu mais de 3,4 bilhões de tentativas de ataques na internet, de janeiro a setembro do mesmo ano. 

Interpol, de janeiro a abril de 2021, detectou mais de 907 mil spams, 737 incidentes relacionados a malwares e 48 mil links suspeitos, e com relação às denúncias de crimes cibernéticos, de janeiro a dezembro de 2020, foram registradas 156.692 denúncias anônimas, contra 57.428 em 2019, segundo o site G1. 

Um ataque hacker ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região tirou do ar ontem o sistema do maior tribunal do País. Foi a quarta grande instituição federal a ser atacada em menos de um mês. Nem o Exército conseguiu barrar todas as investidas. Em maio, hackers divulgaram exames médicos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro entre junho de 2019 e janeiro de 2020 no Hospital das Forças Armadas... Depois foi a vez do Ministério da Saúde. (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/11/28/brasil-vira-alvo-de-ataques-hackers.htm).

Cibercriminosos estão desenvolvendo e ampliando ataques disse em nota o secretário-geral da Interpol, Juergen Stock (https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/08/04/interpol-alerta-para-crescimento-de-crimes-virtuais-durante-a-pandemia.ghtml).

Órgãos públicos notificaram mais de 20 mil ataques hackers em 2020, diz GSI (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/11/28/brasil-vira-alvo-de-ataques-hackers.htm).

Episódios de ataques cibernéticos aos sistemas informacionais de diversos órgãos do Poder Judiciário ocorreram, um problema endêmico que se alastra pelo Brasil, coloca em risco não apenas a integridade do nosso regulamento sobre proteção de dados pessoais, como os próprios dados envolvidos e seus respectivos titulares (https://irisbh.com.br/ataques-hackers-a-orgaos-publicos-e-lgpd-o-que-esperar-do-futuro/).

 O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP)  foram paralisados totalmente por causa de  ataques em escalas variadas ao longo do país (https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/457670812/hackers-param-o-poder-judiciario-e-o-ministerio-publico-em-sao-paulo).

Um megavazamento de dados brasileiros expõe fotos de documentos e nome de mães...” (https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/07/31/vazamento-expoe-13-mil-fotos-de-documentos-e-dados-de-227-mi-de-brasileiros.htm).

Outro megavazamento de dados de brasileiros documentos de milhões de pessoas (https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2021/01/28/vazamento-de-dados-de-223-milhoes-de-brasileiros-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-saber.ghtml  )

Operação da PF prende dois suspeitos de envolvimento em ataque hacker ao STF (https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/06/08/operacao-da-pf-suspeitos-de-ataque-hacker-contra-stf.htm).

Acesso fora de padrão tira site do STF do ar. (https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/05/07/site-do-stf-fica-fora-do-ar-apos-suposta-tentativa-de-ataque-hacker.htm).

Ataques no Brasil aumentam mais de 300% com a pandemia (https://olhardigital.com.br/2020/07/03/seguranca/cibercrime-ataques-no-brasil-aumentam-mais-de-300-com-a-pandemia/).

 

 Quem ainda não entendeu pode ir brincar.

 Diante dos fatos, é chover no molhado dizer que o sistema eleitoral e dos tribunais não são perfeitos. Impedir que o sistema, as urnas, o TSE ou os sapientes Ministros sejam questionados só pode vir de mitômanos compulsivos ou de gente muito mal-intencionada.

 Como advogado, não posso calar-me quando estamos diante de um flagrante desrespeito à soberania popular e aos princípios que regem o sufrágio, pilares da democracia verdadeira.

 Essa campanha para silenciar políticos, jornalistas e qualquer um que questione o sistema eleitoral existente é um atentado contra a liberdade, contra a Constituição, contra a transparência e a segurança das próprias eleições.

 

 

*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado pós-graduado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente registrado no MTP.

 

Livros do autor: Circo Do Mundo  , Fábulas para Hoje  , Pensamentos ao Filho  , Contos Para a Infância , Plúrimas  , Aos Amigos que Não Tenho

 

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