Num mundo cheio de malabarismos linguístico sem que vivemos, parece que a criatividade das ‘’auto-ridades’’ para restringir
o que podemos e não podemos pensar segue uma vertiginosa escalada. Desta vez
entramos na era do "Index Interrogationum Vetitorum", ou para os
meros mortais, o "Índice de Questionamentos Proibidos".
Democracia sem Equilíbrio de
Forças Sociais: Um Circo sem Redes de Segurança
Já ouvimos falar sobre
democracia, onde a voz do povo é supostamente ouvida, mas o que acontece quando
essa voz se transforma num grito abafado pela mão do ditador? Já não é
democracia, evidentemente. Eis aí a mágica circense da manipulação das
palavras. O termo Democracia torna-se uma palavra-fetiche nas mãos dos
ditadores. A realidade mostra que não há democracia sem equilíbrio, sem
questionamento, sem divergência, e quando um poder subjuga todos os demais,
estamos diante de uma antidemocracia. Eis aí onde os trapezistas tentam
equilibrar-se numa corda bamba, enquanto os leões famintos rugem abaixo. Um
espetáculo fabuloso até alguém cair.
Poder Absolutamente Democrático
Democracia sem equilíbrio, sem
moderação, é uma antidemocracia. Se democracia é a existência do equilíbrio das
forças da sociedade, como pode haver um poder que dita o que pode ou não ser
dito ou questionado? Isso é totalitarismo. Como é impossível uma democracia
totalitária, um lugar onde um poder é absoluto ou todos as demais forças da
sociedade é suprimida? Por excluir todo equilíbrio de forças sociais, só se
pode concluir que estamos numa ditadura.
O problema não é identificar isso
(da mesma forma como é fácil ver que o rei está sem roupa no desfile), o
problema é ser submetido à todo tipo de abusos dessa tirania e ainda ser
obrigado a saudar os tiranos e aplaudir suas ações como se fossem as figuras
mais libertadoras que existem.
Proibir Questionamentos: O
Passatempo Favorito dos Tiranos
Aparentemente, fazer perguntas é
uma arte perdida na política moderna. Quem precisa de questionamentos quando
podemos simplesmente seguir cegamente as decisões dos nossos líderes? Afinal,
quem precisa de respostas sobre validade, eficiência, transparência de eleições,
quando temos a possibilidade de ter uma fé cega nas divinas palavras dos “deuses
da democracia”? A história nos mostra que eles sempre agem para nosso bem, não é
mesmo?!
Questionar: Um Tabu da Era Passada
Você se lembra dos dias em que a
democracia significava debater, discutir e até mesmo discordar? Bem, parece que
esses dias foram substituídos por um novo mantra: "Aceite e não
questione", ou será estigmatizado como extremista e, quem sabe num futuro bem
próximo, ser condenado à prisão perpétua ou pena de morte por ato de alta-traição?!
Afinal, numa democracia perfeita e acabada como a nossa, quem precisa de ideias diferentes da dos líderes quando podemos todos concordar em uníssono?
Superpoder do Estado: Quando um é
Maior que Todos
Imagine uma equipe de super-heróis,
mas com um deles subjugando os demais. Bem, esse é o Superpoder do “Super-Estado",
ou “Super-Partido”, ou Super-Supremos” em uma democracia ( não importa o nome
do encapado). Ele está aqui para mostrar que, enquanto todos são iguais, alguns
são mais iguais do que outros, ou, trocando em miúdos, enquanto o povo é soberano,
existem alguns mais soberanos que outros.
Manifestações Seletivas: O
Festival do Silêncio Eleitoral
Na festa da democracia, a
democracia nos dá uma incrível oportunidade: o direito de expressar nossas
opiniões sobre quem deve ou não nos governar, e (pequeno detalhe), como as
eleições devem ocorrer. Exceto que, neste episódio emocionante da nossa história,
os cidadãos são proibidos de expressar qualquer coisa que não seja relacionado
ao “lado” certo, ao candidato “certo” e ao “modo” certo de exercer essa “festa”.
Enfim. Nos resta ainda a
possibilidade de fazer alguma piada sem graça. Por enquanto. Aproveite.
*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado pós-graduado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente registrado no MTP.
Livros do autor: Circo Do Mundo , Fábulas para Hoje , Pensamentos ao Filho , Contos Para a Infância , Plúrimas , Aos Amigos que Não Tenho
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