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PAVIMENTANDO O CAMINHO DA SERVIDÃO 2

  

Em 2021 (veja aqui) escrevemos sobre o caminho perigoso que estávamos trilhando como nação; dois anos  depois vemos a morte de um preso político (que pode-se rastrear a origem atual naquele famigerado inquérito do fim do mundo – ou antes, nos embargos infringentes do mensalão -) resultado desse espírito de perseguição e vingança que acabaria (se é que acabou aqui) neste tipo de perseguição, como sempre dissemos.

O falecido cidadão preso, ao arrepio de tudo que já se chamou de direito neste país, só não choca o mais canhestro ser humano afeiçoado ao ódio ideológico da esquerda.

O que choca mais (ou deveria chocar), é o ar de normalidade e silêncio proposital sobre a coisa.

Já falamos do Dr. Joost Merloo, sobre lavagem cerebral feita pelos regimes totalitários, e do Dr. Robert Jay Lifton. A sádica sanha de perseguir e denunciar (e no dia da morte do preso político a polícia do regime efetuou novas ações contra perseguidos políticos), serve para impor o medo aos denunciados (e todo o resto, no final).

A normalização deste tipo de ato acaba por fazer as pessoas a renunciar padrões de comportamento moral que até então era claro, tornando-o, quando muito, algo sombrio, inerte, fazendo com que a insensibilidade se torne um novo padrão.

Não leva muito tempo para, em seguida, começar-se o denuncismo do próximo, que leva à auto traição. Uma “moralidade bizarra” de ambiente de prisão.

Uma nação onde todos se tornam prisioneiros do medo da perseguição, da prisão e da morte só pode dar muito errado. Os prisioneiros (cidadãos) se encontrarão - quase sem perceber - violando a ética mais sagrada.

Infiltrados disfarçados de “boa gente”, no meio político acabarão por incentivar as denúncias para o bem da nação, pois os denunciados acabam se tornando o que também já dissemos aqui, “inimigos públicos”.

Os próprios presos começam a “confessar” e entregar os “demais criminosos”: “o Governo sabe, é melhor revelar os dissidentes, e você ainda será bem tratado”.

 

Dr. Robert Jay Lifton diz:

 

Embora haja uma tensão contínua entre segurar e deixar ir, certo grau de autotraição é rapidamente visto como uma forma de sobrevivência. Mas quanto mais alguém é levado a trair, maior é o envolvimento com seus captores; pois por esses meios eles fazem contato com quaisquer tendências semelhantes já existentes dentro do próprio prisioneiro - com as dúvidas, antagonismos e ambivalências que cada um de nós carrega sob a superfície de sua lealdade. Esse vínculo de traição entre o prisioneiro e o ambiente pode desenvolver-se a ponto de parecer a ele que é tudo o que ele tem para sustentar-se; voltar se torna cada vez mais difícil.”

 

Quero repetir o que disse naquele citado artigo.

Algumas coisas não são percebidas por muitos até que seja tarde demais. Certas condutas/políticas são incentivadas para que as próximas (sempre piores – e sempre foi assim nos regimes totalitários), sejam implementadas. Veja que no Nazismo, primeiro removeram pessoas das casas, depois, o denuncismo, depois, o desarmamento, depois os campos de concentração, depois experiências científicas e, por fim, o extermínio.

Assim as coisas vão sendo implementadas e vai-se aceitando tudo, a ponto de uma pessoa comum (não um demônio) fazer ou aceitar coisas demoníacas! Veja que a denunciação é muito importante para o ditador porque responsabiliza a pessoa pelo fim daquilo que está-lhe causando o pânico ou medo.

Claro que tudo sempre acaba se mostrando com ares de legalidade, bom mocismo e um processo dos mais justos.

A questão é que com o tempo e métodos adequados, regimes totalitários vão implantando seus terríveis planos por meio da manipulação, a ponto de coisas demoníacas passarem a ser normais. Não importa a crença em vigor na sociedade (veja a obra de Joost Merloo que citamos no outro artigo), ela vai sendo mudada com o tempo pela manipulação sem que as pessoas percebam.

 

Rezemos.

 

Fico por aqui.

 



*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente.

 

Livros do autor: Circo Do Mundo  , Fábulas para Hoje  , Pensamentos ao Filho  , Contos Para a Infância , Plúrimas  , Aos Amigos que Não Tenho

 

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