Pular para o conteúdo principal

PREPAREM-SE! Mudanças nas políticas das plataformas e as novas normas do TSE.

 

A IA tem mudado o cenário mundial.

Por aqui, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob argumento de possibilidade de uso indevido da tecnologia inovadora, regulamentou o uso da inteligência artificial (IA) na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias, candidatas e candidatos nas Eleições Municipais de 2024. Ao total são 12 resoluções (que ansiosamente aguardamos serem publicadas).

Pra quê esforço se se pode, numa única tacada, proibir tudo? Uma distorção da famosa fórmula de Guilherme de Ockham?

Em meio ao tema central (IA), vieram os acessórios: a questão das fakenews e restrições quanto a mecanismos de comunicação.

Exemplo é a proibição (restrição?) do emprego de robôs para intermediar contato com o eleitor (a campanha não pode simular diálogo com candidato ou qualquer outra pessoa).

Outro acessório, especialmente, é a responsabilização das big techs de retirarem do ar, imediatamente e sem necessidade de ordem judicial, conteúdos com “desinformação, discurso de ódio, antidemocráticos, racistas, homofóbicos, de ideologia nazista e fascista.”

Que seria mesmo fascismo? Antidemocrático? Quem define? A definição é técnica, ou é uma figura de linguagem? Engloba quais comportamentos? Quais estão fora? Talvez haja algum Index Librorum Prohibitorum emanado do ente Superior definindo as proibições (seria mais seguro o ter).

Outra questão que provoca a dúvida é a proibição sobre a utilização, na propaganda eleitoral, “de conteúdo fabricado ou manipulado para difundir fatos notoriamente inverídicos ou descontextualizados com potencial para causar danos ao equilíbrio do pleito ou à integridade do processo eleitoral”, sob pena de caracterizar abuso de utilização dos meios de comunicação.

O que seria exatamente e como fazer o filtro preventivo do que seria fato notoriamente inverídico? O que seria contextualizado ou não? Como saber o contexto total de algo? Imagine uma demanda ainda sob investigação policial, eventos ainda desconhecidos ou não publicados. Como saber se algo estaria ou não dentro de um contexto?

Evidentemente que, ante a possibilidade de punição do meio de comunicação, todo conteúdo será proibido ou retirado do ar. Algo questionável num ambiente de liberdade de pensamento.

O TSE fixou a responsabilização solidária dos provedores, de forma civil e administrativa, caso não indisponibilizem, imediatamente, determinados conteúdos e contas, durante o período eleitoral.

Ante a solidariedade (responder igualmente como quem pratica o ato ilegal), muita coisa será simplesmente proibida. Preparem-se para mudanças nas políticas de conteúdo das plataformas.

O presidente do tribunal afirmou ainda que a Justiça Eleitoral tem agora “instrumentos eficazes para combater o desvirtuamento nas propagandas eleitorais, nos discursos de ódio, fascistas, antidemocráticos”. O problema será apenas  saber o conceito que ele dá a tudo isso.

Mas detalhes à parte, a responsabilização de provedores é o que mais interessa às empresas de tecnologia, provedores e plataformas, inclusive as de tecnologias intermediárias (e os pobres mortais que as utilizam), que deverão começar a aconselhar usuários para terem atenção ao conteúdo, evitando os que contenham “discursos de ódio, teor antidemocrático” etc.

Vemos a escalada da regulação das “plataformas digitais” que, no fim, é restrição à liberdade de imprensa e expressão.

Ficamos por aqui.

 

*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado pós-graduado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente registrado no MTE.

 

Livros do autor: Circo Do Mundo  , Fábulas para Hoje  , Pensamentos ao Filho  , Contos Para a Infância , Plúrimas  , Aos Amigos que Não Tenho

 

Telegram: https://t.me/fakingmeter

 
 ___________

 

FAKING METER baseia-se no princípio da apreciação da discussão sobre cultura e política, um diálogo com verdade e honestidade para com o leitor.  

Você nos ajudará a manter um oásis revigorante num deserto cada vez mais contencioso do discurso moderno?

Por favor, considere fazer uma doação agora.

Entre em nosso Telegram - https://t.me/fakingmeter - e saiba como no post fixado  

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A POLÍTICA DOS DUENDES

Em homenagem a Bernardo Guimarães ("Orgia dos duendes", poema original do autor). I Meia-noite soou no Congresso, No relógio de sino do salão; E o líder, soberano do processo, Sentou-se no assento de decisão. Deputado apanhava os projetos E no plenário debates acendia, Revirando discursos complexos, Para uma reforma de grande folia. Ao lado, um político astuto, Que saíra do antro dos conchavos, Pendurado num cargo pelo umbigo, Manipulava subornos aos favos. Senador, uma figura amarela, Resmungando com ar carrancudo, Se ocupava em frigir na panela Os acordos com propinas e tudo. Ministra com todo o sossego A caldeira do esquema adubava Com o sangue de um velho premente, Que ali mesmo co'as unhas sangrava. Empresário fritava nas banhas Que tirou das entranhas do Estado, Salpicado com pernas de aranhas, Frescos contratos superfaturados. Vento norte soprou lá na sala, Prestígio na mesa espalhou; Por três vezes ecoou a matraca, Na coalizão o deputado acenou. E o líder com as m

O TERMÔMETRO NOSSO DE CADA DIA

O TERMÔMETRO NOSSO DE CADA DIA OU A LIBERDADE É NEGOCIÁVEL?     As coisas andam para uma alienação da liberdade sem precedentes, onde a população simplesmente aceita qualquer coisa vinda do estado, ainda que sem lei, sem comprovação de eficácia e sem importar o resultado de tudo.   Para mim isto beira à psicose.   A palavra “saúde pública” parece que tornou-se um Pir Lim Pim Pim moderno. Saúde não é e nem tem como ser separada da “vida real”, quer dizer, na vida real, em sua complexidade, a saúde, a economia, o trabalho e a liberdade fazem parte de um mesmo ‘pacote’ . Não é possível separar esses elementos como se fosse um livro de anatomia onde a ‘pessoa’ é vista em partes; ora, nem preciso dizer que não é uma pessoa no livro, mas apenas a figura que a representa; a pessoal real estaria sem vida se fosse dividida como nas figuras, já não seria mais a pessoa. A vida real também é assim. Não bastassem as máscaras (e não vou ficar falando de microbiologia, virologia, infect

O SONHO DE TODO DITADOR?

O sonho de todo ditador, ao que vemos, é controlar tudo. Mas controle é palavra incipiente hoje, que não demonstra o desejo real nem a possibilidade real que a tecnologia (juntamente com a mídia) possibilitam. Talvez a palavra mais apropriada seja domínio. Controle dá a entender que há algo sendo controlado, que ainda existe um algo, um ser controlado. Domínio, porém, dá o aspecto de absoluto, onde não há “sombras” fora da vontade do dominador. Etimologicamente a ideia é essa, aquele que dita as regras da casa; a casa é sua, as regras são suas, os que estão nela lhe pertencem como sua propriedade, ele tem todo o poder de fazer o que bem entender, libertar ou escravizar, matar ou deixar viver, esta é a origem do termo domínio. O nível de sofisma e autoritarismo nos pronunciamentos de certas autoridades nunca foram vistos antes na história do país. Recentemente um destes ilustres da república disse que bastaria uma única norma a ser editada pelo governo para dar licença para encaixar