A digitalização do mundo não para (e não há indícios de que parará), e ao que parece essa estrada está sendo construída rapidamente.
Não deveria chamar a atenção apenas os benefícios que traz (e não há como negar que existam alguns benefícios), mas junto vêm certos malefícios. Deveríamos perguntar quais são esses problemas, se superam os benefícios, e se podem ser evitados. O problema é o silêncio que impera sobre o que há de ruim nessa digitalização de tudo. Esse silêncio faz com que a implantação desse sistema seja feita sem nenhuma contestação, aceita incondicionalmente por todos (quem se sabe por puro desconhecimento dos detalhes?).
Por exemplo, temos a recente Lei 14.382, de 27 de junho de 2022, que veio ‘modernizar’ a lei de registros públicos. Mas, ao lado dos aspectos visíveis, como a desburocratização, vem acompanhando o processo de ‘’digitalização da vida’’ que vai se estendendo sobre tudo como uma sombra, querendo tudo abarcar. À medida que vai abraçando elementos essenciais da vida, necessariamente vemos surgir, ao mesmo tempo, a necessidade de um ente para administrar, cuidar dessa massa de dados e, também, dos mais interessados em transformar tudo em dados para controlar. Quem controlará isso, no fim das contas, controlará as pessoas (Estado e uma elite meta-capitalista). Este fenômeno jamais foi visto antes em nossa história.
A ideia é converter tudo em dados e criar um sistema de análise e controle integrado (total). Não é novidade para ninguém o score social da China, por exemplo, ou a venda de dados como espécie de “commodities”.
A Tokenização do patrimônio, por exemplo, é outro fenômeno que a digitalização trouxe. Claramente há benefícios. Mas a “digitalização da vida” traz coisas como a ideia de crianças digitais (para o Metaverso) onde poderão, caso os “pais” não as queiram mais, ser deletadas. Isto é, obviamente, um sintoma, algo mais profundo existe que dá origem a isso: a coisificação da pessoa, o pragmatismo e o utilitarismo (sem falar na “fé materialista”).
Assim, à medida que este caminho para a digitalização do mundo avança, ele vai se construindo sobre as ruínas daquilo que um dia chamamos de civilização. Mudar o nome, por exemplo, parece algo sem nenhuma maldade (como facilitou agora a nova lei citada acima), mas quando se verifica que suas bases estão no fim dos laços, dos vínculos, da profundidade e força das relações familiares, a coisa muda de figura.
Basta ver que, quando criaram os passaportes de vacina, criaram uma violação flagrante dos direitos humanos (escrevo com mais detalhes em meu blog sobre isso) que sequer fora “debatido” com a sociedade. E chegamos, mais uma vez, na criação da tão pregada identidade digital (como o ID20, ou ID4D do Banco Mundial, resumindo e conectando tudo a um mesmo “IP humano”), um exemplo de “boas intenções” que no fim, sem os cuidados necessários, nos levará a um novo nível de escravidão.
A identificação biométrica, coletando desde suas digitais à suas expressões faciais, é algo que vem acontecendo (inclusive em vários lugares aqui no Brasil) sem seu consentimento, aliás, sem ter lei alguma. Chegamos ao cúmulo de criarem palavras mágicas que, bastando dizê-las, como “inclusão”, “desenvolvimento” e “sustentável”, são o suficiente para convencer a todos de que essas tecnologias são inofensivas e indispensáveis à humanidade (você e eu).
Quando atentamos para quem está por detrás desta promoção diante da Identidade Digital (entidades como o Banco Mundial, Fundações como Gavi, Rockefeller e mega-bilionários), vemos o que realmente vem por aí, por exemplo, a exclusão biométrica, uma discriminação digital (que a pandemia deixou bem claro ao dividir a sociedade vacinados e uma subclasse de subumanos de não vacinados), e muitos problemas associados ao ‘capitalismo de vigilância’, onde quem se beneficiará mesmo será o governo e um grupo pequeno de megaempresas (como empresas de biometria, aprimoramento da capacidade de vigilância, controle de migração, rastreamentos, emissão de carbono, e empresas fornecedoras de vacinas).
Mas vamos ficar por aqui.
O que fazer para não se perder em meio a este processo?
Me parece correto e especialistas propõem o seguinte:
“Vamos com calma!”
Antes de implantar algo, vamos tomar precauções para evitar e diminuir danos.
“Tornar tudo público”.
Todo projeto deve ser exaustivamente discutido com a participação dos cidadãos.
“As organizações da sociedade civil devem exigir abertura de planos”.
Devemos exigir a abertura de dados e políticas em relação a planos, licitações e o envolvimento de governos estrangeiros e organizações internacionais.
“Todos são partes interessadas.”
Não apenas os Mega-bilionários, as Fundações ou o Banco Mundial são partes interessadas e que se apresentam como conselheiros de governos, não são os únicos interessados. As sociedades civis e as pessoas individuais também são partes interessadas neste processo.
“Todos têm uma participação em sistemas de identificação, que são essenciais para reconhecer indivíduos e efetivar seus direitos humanos”.
Alianças multidisciplinares e geograficamente diversas podem não apenas ajudar a garantir que os sistemas de ID digitais não sejam implantados de formas prejudiciais, mas também podem ajudar a re-imaginar como o futuro digital poderia ser sem o modelo particular de sistemas de ID promovido pelo Banco Mundial e outros “visionários”.
E acrescento: “Qual o custo humano e para a liberdade?”.
É vital avaliar, sempre, o custo para a individualidade de cada pessoa e quanta liberdade se estará perdendo (ou cedendo) para o Estado e entidades privadas (empresas) para terem acesso e controle sobre sua vida ou sobre quais aspectos da vida eles terão esse controle.
Publicado primeiramente no site: A Digitalização do Mundo (digisac.blog)
*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado pós-graduado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente registrado no MTP.
Livros do autor: Circo Do Mundo , Fábulas para Hoje , Pensamentos ao Filho , Contos Para a Infância , Plúrimas , Aos Amigos que Não Tenho
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