No início desta semana (14 de
março de 2022), o Governo de Israel confirmou
ter sido alvo de um dos maiores ataques cibernéticos de sua história. Foram
derrubados pelo menos os sites dos ministérios do interior, saúde, justiça e
bem-estar foram retirados do ar, inclusive o do gabinete do primeiro-ministro
israelense. O ataque foi tão profundo que o governo declarou estado de
emergência para avaliar a extensão dos danos, enquanto verificavam sites
estratégicos e de infra-estrutura como empresas de eletricidade e água.
O Ciberpolígono,
ligado ao Fórum Econômico Mundial de que tanto falamos, agora em 2022 atuará no
tema de Resiliência Digital na Era da Nuvem. O Fórum vai avaliar a questão de as
organizações estarem migrando em massa para a nuvem, e isto está obscurecendo o
perímetro das empresas; os riscos de segurança estão crescendo sobre proteção
da cadeia de suprimentos, segurança de serviços em nuvem, etc.
Isso tudo, além de nos lembrar a
respeito da necessária segurança que deve ser buscada quanto aos sistemas cibernéticos,
nos leva a algo bem mais profundo, a “digitalização” dos governos e a posição
dos cidadãos diante deste.
Que os Estados no mundo já
assumem poderes que nunca antes na história os governantes tiveram, não é
novidade, afinal, os Estados têm aumentado seu controle sobre a vida das pessoas
em cada detalhe, por mais particular que seja. Não há dúvida, assim, que o
Estado possui controle sobre a população e que esta cada vez mais depende dos
serviços estatais.
E quanto mais se busca
digitalizar os serviços do Estado (e lembrando que o Brasil, por exemplo,
possui uma meta de digitalizar os serviços do Estado/Governo, ao menos a
maioria e os mais importantes, até o final de 2022 – Veja o Decreto nº 10.332,
de 28 de abril de 2020, alterado recentemente pelo Decreto nº 10.996, de
14.03.2022, que institui a “Estratégia de Governo Digital”), mais poder o
Estado terá, mais informação, mais controle e, por sua vez, a sociedade vai
perdendo cada vez mais sua liberdade, sua intimidade, e submetendo-se à
burocracia estatal. Assim vemos que as coisas vão se tornando dados numa nuvem
cujo acesso, no fim, será instantâneo por um ente que assumirá, praticamente, a
posição de senhor da vida dos cidadãos.
O controle de tudo pela
burocracia coloca o cidadão em total submissão ao poder central do Estado que,
para o bem ou para o mal, vem assumindo contornos intransponíveis e, quem sabe,
num futuro próximo, inapeláveis, pelo pacato cidadão que vai se transformando
em mero personagem secundário num teatro dominado por gigantes.
O ataque desta semana em Israel,
combinado com os ataques sofridos pelo Brasil nos últimos dois anos que
colocaram milhares (ou milhões) de dados de brasileiros em risco (basta buscar
na rede mundial e verá a quantidade deles), nos leva à duas perguntas
essenciais: I) até onde cederemos nossa liberdade ao Estado? Até onde a
tecnologização/virtualização do mundo, da vida, é aliada da sociedade e onde
começa a ser inimiga?
*Elvis Rossi da Silva: Advogado.
Pós-graduado em Direito Civil e Direito Processual Civil. Pós-graduado em
Direito Tributário. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade
de Marília. Autor de artigos jurídicos. Escritor. Jornalista independente
registrado no MTP.
Livros
do autor: Circo Do Mundo , Fábulas para Hoje , Pensamentos ao Filho , Contos Para a Infância , Plúrimas , Aos Amigos que Não Tenho
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