O sentimento político nacional é composto neste momento (é 10 de setembro de 2021, dia que escrevo este artigo) por uma larga gama de sentimentos: inquietações, dúvidas, desilusões, raiva, alegria, mas é também momento de reflexão e de reestruturação do pensamento. E, de fato, isso é normal. Tal cenário, em parte, me faz lembrar de uma animação: "Os 12 trabalhos de Asterix" (recomendo).
Como sempre, o gaulês importuna o poder da toda poderosa Roma, e, para dirimir o conflito, Asterix é desafiado a realizar 12 trabalhos que apenas deuses teriam a capacidade de completar. Um deles em especial me chamou sempre a atenção, o herói tem de vencer a enlouquecedora burocracia romana simbolizada por um prédio labiríntico, repleto de servidores/políticos desleixados, mal-intencionados, preguiçosos e até desconhecedores dos próprios deveres, e conseguir um documento específico criado pelo "establishment". É evidente que aos humanos normais seria impossível a tarefa. Mas o baixinho invocado não se deixa vencer e, com força de vontade, dedicação, paciência e astúcia, após incontáveis vai e vens, consegue, ao final, tal documento, não sem antes deixar a própria burocracia "perplexa" (aqui). A animação reflete uma verdade prática, a política é coisa que varia conforme a situação atual exige e, para vencer o establishment, pode levar um certo tempo e exigir, não menos, dedicação.
As coisas nessa política prática (coisas da razão prática), estão sempre variando porque, justamente, se referem a situações concretas que às vezes não são tão simples como se imagina na teoria, e ainda podem variar, por isso, lugar e modo. É claro que isso não quer dizer que nada tenha um valor elevado, ou que não hajam princípios elevados e até absolutos, obviamente que há. Também não quer dizer que todas as coisas são absolutamente relativas, certamente que não são. Mas as circunstâncias acabam por influenciar de alguma forma o que se deve fazer para alcançar determinados objetivos. Por isso ela não tem fim, a política prática é um processo que não acaba. Daí que haverá sempre lugar para insatisfação de alguns, para a desilusão de outros, para a cobrança por muitos, para a mudança de objetivos, para erros e acertos. Isso porque, ao contrário do desenho do Asterix, a realidade é mais complexa do que se imagina e o tempo é fator que deve ser considerado.
Mas há características, justamente, que definem a Democracia verdadeira, por exemplo, a participação do povo (como nunca houve antes na história de nossa nação igual ao último 7 de setembro onde milhões saíram às ruas para exigir o fim dos abusos perpetrados por integrantes de um dos poderes da república), exige também que as autoridades ouçam esse povo que constitui a Nação e cumpram sua vontade. Porém, é também verdade que exigirá, por vezes, a readequação dos objetivos e dos meios de alcançá-los, exigirá, também, a paciência e, sempre, muito esforço do próprio povo, ainda mais quando se trata de um país como o nosso que vive ante atos semelhantes aos praticados por ditaduras esquerdistas. A sabedoria não nasce pronta, como Atenas nasceu da cabeça de Zeus, e a liberdade também não nasce pronta, deve ser conquistada, dia a dia.
O brasileiro, uma nação de matiz eminentemente conservadora, cristã, mostrou, várias vezes, que não deseja uma ditadura, não aceita ilegalidades, não aceita o abuso, e quer paz, quer o desenvolvimento, quer ampla liberdade, e precisará, deste modo, continuar nessa marcha para alcançar tudo isso. A liberdade é algo que precisa sempre ser defendida daqueles que a atacam todos os dias.
Olavo de Carvalho, citando Paulo Mercadante (cabe perfeitamente aqui para ilustrar a ocasião), diz a fórmula para o sucesso dos movimentos políticos: "NÃO PARAR, NÃO PRECIPITAR, NÃO RETROCEDER". Ouçamo-lo.
Mas imagine o seguinte, (sem deixar de atentar para aqueles que querem a todo o custo tomar o poder no país e o que vem acontecendo pelo mundo afora), se o Bolsonaro não estivesse na presidência hoje, quem estaria nela e como o Brasil estaria.
É, dá medo só de pensar, eu sei.
*Elvis Rossi da Silva é brasileiro, pai de família, advogado, escritor e jornalista independente (com registro no MTE).
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