Pular para o conteúdo principal

O FAMIGERADO INQUÉRITO DO VALE TUDO




Eu sei que já tem até livro sobre isso (o inquérito do fim do mundo), embora eu tenha a terrível inclinação de chamar a monstruosidade de inquérito das bananas. Mas devemos sempre relembrar que o tal "inquérito" é totalmente contrário às leis e a Constituição. Dar ares de legalidade a tal aberração (que não pode sequer ser chamada jurídica), é dar abrigo àquilo que quer destruir a liberdade.

Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, anunciou, aos 14 de março de 2019, a abertura, de ofício, de um "inquérito" para investigar “denunciações caluniosas, ameaças e infrações” contra ministros do Supremo Tribunal Federal, que envolvam também atos de difamação ou injúria, por exemplo. Disse que, como presidente do STF, cabia a ele zelar pela “honorabilidade e segurança” dos colegas, bem como de seus familiares.

Passados mais de um ano, aos 27/05/2020, o Ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou à Polícia Federal, dando continuidade àquele "inquérito", a busca e apreensão de objetos pessoais etc., em face de ao menos 29 jornalistas e ativistas políticos de direita, apoiadores do Presidente Jair Messias Bolsonaro, revelando que a "investigação" não possui um objeto lícito, mas perseguição política.

Você pode notar que há muita coisa entre aspas, isso porque o inquérito não é um inquérito, e a investigação não é uma investigação. Em verade é uma ferramente de perseguição, devassa da intimidade e censura pura e simples contra os que esses Excelentíssimos entendem como adversários políticos, ou contestadores de suas ações ''incontestáveis''.



Embora a DD. Procuradoria Geral da República tenha se manifestado pela impossibilidade de tais "inquéritos", e tendo este primeiro inquérito sido arquivado, "outro" fora aberto pelo Ministro Alexandre de Moraes (O QUE SIGNIFICA DIZER QUE É O MESMO, pois tem a mesma finalidade, aproveitou os atos, mesmos "investigados" etc...).

Aos 13 de agosto de 2021, neste ilegal e inconstitucional "Inquérito", o Ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do advogado e ex-Deputado Federal e presidente do partido PTB, Roberto Jefferson, por "crime de opinião", ou, como dizem, atos "antidemocráticos", fato não apenas inexistente nas normas penais como, numa democracia real, jamais existiria.

Os atos do referido Ministro são uma violação direta à Constituição Federal, pois fulmina o Princípio Democrático, além de usurpar atribuições que não lhe são conferidas pela Constituição Federal, e mais, causa instabilidade ao Estado e às instituições democráticas, além de ser evidentemente uma perseguição direta, ilegítima e ilegal contra a liberdade de expressão, do pensamento político e de imprensa, direitos humanos fundamentais de todo cidadão.

E mais, viola o Pacto internacional sobre direitos civis e políticos, ratificado pelo Brasil pelo DECRETO No 592, de 6 de Julho de 1992, onde estabelece em seu artigo 2 do anexo que ninguém será discriminado por opinião política, evidenciando, como já citado, o real objetivo de tal inquérito e medidas constritivas, a pura e indesculpável perseguição política.


ARTIGO 2, do DECRETO N.º 592, de 6 de Julho de 1992:

"1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a respeitar e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição.
(...)"


Nosso sistema penal é do tipo acusatório, o que faz o ato do Ministro Alexandre de Moraes ser uma prática inconstitucional e ilegal, já que institui, pelas próprias mãos, desconsiderando a Constituição Federal e a Legislação Pátria, um sistema penal Inquisitivo, os quais não possuem separação das funções do acusador e julgador, aliás, avoca a posição de vítima, a função de investigar, a função de iniciar a ação penal ou civil e, em simultâneo, julgar.

O ato (que se mostra como um poder ilimitado), dessa forma, viola, e com certeza violará ainda mais, a esfera de atribuições pertencentes aos órgãos de investigações e acusação (sem falar dos cidadãos que já são vítimas dos referidos atos) quando reúne (avoca para si) as funções de investigadores, acusadores e julgadores (já se observa o nítido caráter intimidativo e acusatório do ato) contra atos que sequer possuem definição penal concreta, de pura fundamentação subjetiva e arbitrária. E mais ainda, elimina qualquer possibilidade de julgamento ou recurso por parte dos investigados/processados/condenados, por suprimir qualquer outra instância capaz de avaliar o caso com isenção ou reavaliar um julgamento.

A nova galhofa, que se mostra risível (ou chorável) é um pedido feito pelo próprio Ministro Alexandre de Moraes dirigido a ele e acolhido por ele mesmo para incluir mais um objeto/sujeito na "investigação": o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro.

O Ato do Ministro é sem precedentes em nossa democracia, pois assume o papel de vítima, as funções de investigador, acusador e julgador, ultrapassando os limites traçados na Constituição (e bom senso) para a instituição, vilipendiando não apenas o poder, como também a história da instituição quanto aos ministros que já passaram pela casa. E sim, valem-se do braço armado da polícia federal para implementar medidas persecutórias de cidadãos desta república, ao arrepio da lei.

Assim, surge uma pergunta: como é que os Excelentíssimos(as) Senadores(as) (e Deputados) permanecem inertes diante de tais ofensas, visto que a atuação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal desfaz a estabilidade democrática, viola direitos humanos fundamentais, direitos civis e políticos dos cidadãos, em verdadeira perseguição política, desconsiderando a Constituição Federal e tratados internacionais sobre direitos humanos, evidente crime de responsabilidade cuja pena é o Impeachmant.

Os atos dos Ministros indigitados extravasam as atribuições constitucionais da corte, mas não apenas, revelam um verdadeiro atentado contra as liberdades públicas e a ordem institucional e social do Estado. 


Assim, como cidadão, advogado e jornalista, por dever cívico e moral, escrevo esta denúncia, um clamor às autoridades do Estado e especialmente ao bom povo brasileiro, para que não permitam o avanço desse abuso, para se evite a eliminação, tão próxima, de nossas liberdades.




*Elvis Rossi da Silva é advogado, escritor e jornalista independente. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MITOMANIA, SEGURANÇA E ELEIÇÕES

    Voto Universal, Fiscalização do processo eleitoral, Auditoria dos votos, Opiniões, Jornalistas e Livros, proíba qualquer um destes e teremos algo bem diverso de uma democracia.  Certas autoridades do Estado, que deveriam levantar sempre a bandeira da liberdade, vêm aumentando a perseguição e a criminalização da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e até de pensamento. Expor os riscos ou crimes contra um sistema usado para dar concretude à democracia é um dever cívico . Apenas o criminoso, que não quer ser descoberto, pode argumentar contra esse dever.  O sufrágio é o direito que o cidadão tem de escolher seu representante político (é o voto). Fosse um país sério, mecanismos eletrônicos para exercer o voto seria tema contínuo de discussão.  O sufrágio não pode ter intermediários (mesmo nos sistemas que utilizam o voto indireto, escolhendo-se delegados que depois votarão, o voto direto não deixa de existir no caso da eleição do próprio colegiado e deste para o pre

O TERMÔMETRO NOSSO DE CADA DIA

O TERMÔMETRO NOSSO DE CADA DIA OU A LIBERDADE É NEGOCIÁVEL?     As coisas andam para uma alienação da liberdade sem precedentes, onde a população simplesmente aceita qualquer coisa vinda do estado, ainda que sem lei, sem comprovação de eficácia e sem importar o resultado de tudo.   Para mim isto beira à psicose.   A palavra “saúde pública” parece que tornou-se um Pir Lim Pim Pim moderno. Saúde não é e nem tem como ser separada da “vida real”, quer dizer, na vida real, em sua complexidade, a saúde, a economia, o trabalho e a liberdade fazem parte de um mesmo ‘pacote’ . Não é possível separar esses elementos como se fosse um livro de anatomia onde a ‘pessoa’ é vista em partes; ora, nem preciso dizer que não é uma pessoa no livro, mas apenas a figura que a representa; a pessoal real estaria sem vida se fosse dividida como nas figuras, já não seria mais a pessoa. A vida real também é assim. Não bastassem as máscaras (e não vou ficar falando de microbiologia, virologia, infect

Que resta do ocidente?

Talvez o que vemos hoje seja uma grande piada das Elites mundiais (que governam das sombras), ou a implementação tragicômica de planos diabólicos capazes de criar eventos de proporções mundiais, com resultados mais ou menos direcionados. A exemplo dos EUA ter um presidente como J.B., uma grande piada contra aquilo que restou de sério no bastião do ocidente, ocidente que fora origem e auge dos valores civilizacionais que superaram tudo que se havia vivenciado na história. A derrocada da única democracia que de fato atingiu o nível de, poderíamos dizer, "ter dado certo", só ocorreu por ser baseada em pessoas com elevados valores, senso de dever e amor ao Criador, como já previa Tocqueville. Essa democracia cristã foi, inquestionavelmente, a causa de os EUA ter sido o único país, na complexa modernidade, capaz de manter o mundo num período de relativo equilíbrio contra as forças malignas que buscam a todo custo ascender como dominadoras do mundo livre. Mas aquilo que é a força d