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MANIPULAÇÃO E PRISÃO GRÁTIS PARA TODOS



Muitas vezes já disse aqui que uma sociedade não sobrevive à inverdade generalizada nem à desordem geral, principalmente quando é produzida por uma instituição, um poder da república (leia-se sempre: seus integrantes).

Agora a vez de ser preso sem cometer um crime real foi do advogado e ex-deputado federal Roberto Jefferson (o que denunciou o esquema do mensalão do Governo Lula, foi também presidente do partido PTB). A Polícia Federal cumpriu a "ordem" de prisão dada pelo atual Ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes.

Já falei que uma ordem democrática é construída sobre princípios como a liberdade,  igualdade, obediência às leis, obediência à soberania do povo. E um estado autoritário tem por princípios a mentira, o poder na mão de um (ou poucos privilegiados), a vontade do ditador sobre as leis e acima da vontade do povo. 

É muito simples enxergar quando estamos diante de um estado democrático, observando se os detentores dos poderes do estado estão agindo conforme um ou outro princípio. E uma das ferramentas mais usadas pelos regimes opressores é a prisão dos opositores políticos (veja, por exemplo, o que acontece na China de hoje com os que desagradam ao partido comunista chinês).

Muitas vezes disse aqui que o que vemos hoje no Brasil é uma perseguição para destruir adversários políticos, seja por meio da destruição da reputação, do silêncio forçado, cancelamentos, eliminação dos meios de subsistência e da própria prisão; vejam os exemplos do Deputado Daniel Silveira, do Jornalista Oswaldo Eustáquio, Sara Winter, etc. Se isso não é uma ditadura, sinceramente, não sei o que é.

Sempre falo que a manipulação das palavras para dissimular uma mentira é ignóbil, abjeta, e isso é uma ferramente nas mãos de ditadores, e é isso que vem sendo feito.


A Polícia Federal, segundo informações do jornal Terra (para ver a fonte clique aqui) disse o seguinte:

"No pedido de medidas contra o ex-deputado, a Polícia Federal afirma que em "reiteradas manifestações", Jefferson demonstra o mesmo modo de agir das milícias digitais que estão sendo investigadas, e com os mesmos objetivos: "Atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização e de ódio; e gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos Poderes da República".".



Vamos observar um pouco o que a polícia disse sobre a nova vítima da ''democracia perfeita''.


"Reiteradas manifestações". 
Eu não sabia que não se podia mais manifestar-se no Brasil. Me lembro quando Lula chamou todos da Suprema Corte de covardes. Claro que nada lhe aconteceu, ao contrário, foi agora agraciado por todos e provavelmente será, se tudo correr do jeito que está indo, presidente pelos próximos anos, da "deputada da dancinha", de índios entrando armados no congresso, de manifestações de rua pondo fogo em tudo, mas, claro, se for promovido pela ou a favor da esquerda, aí pode. 

"Milícias digitais". 
Milícia significa uma força paramilitar (armada)  que busca tomar o poder e governar pela força das armas (como os comunistas fazem). Mas milícia digital só existe na cabeça de quem fala isso. Qual a definição de milícia digital? Onde está isso no Código Penal? Isso, se você ainda não percebeu, inclui você, caso se expresse de alguma forma se opondo aos pensamentos dos chefões. 

"Atacar integrantes de instituições públicas". 
Atacar? Se manifestar? Atacou como? Com que arma? Ou atacar significa não concordar? Qual instituição? As instituições ou detentores de cargo público? Políticos e detentores de função ou cargo públicos não podem mais ser objeto de avaliação, manifestação ou crítica pelos cidadãos? Um ocupante de cargo público está acima da crítica do povo a quem deveria servir?

"Desacreditar o processo eleitoral". 
O que significa isso? Se eu, algum dia, falar que nossa democracia precisa ser aprimorada e que o processo eleitoral precisa ''estar de acordo com os avanços tecnológicos e segurança da informação'' e conforme a ''vontade dos cidadãos'', será que isso é desacreditar o processo eleitoral? Isso me cheira a censura pura. Qual é o motivo do medo? Será que o processo eleitoral é composto pelo que o Ministro Barroso do STF disse, que "eleição não se ganha, se toma"?

"Reforçar o discurso de polarização e de ódio". 
Discurso! Mais uma vez não se pode mais falar nada? O que é reforçar um discurso? Qual discurso? Todo discurso? Só de ódio? O que é ódio? Discordar da posição política de alguém, ou filosófica, ou discordar de uma lei, ou ato do estado, ou de uma sentença, uma propaganda, um produto, isso é ódio? Se um sujeito recorrer de uma sentença criminal condenatória confirmada pelo STF, isso certamente contraria o entendimento dos ministros, isso é discurso de ódio? Quem define tais discursos? Quem os julga? E polarização? Não pode haver mais de um pensamento? Dois pensamentos diferentes é polarizar? Quem define o polo positivo ou negativo? E se houver três? A famosa terceira via não é polarizar? A regra agora é pensar como o Chefão manda? Já sei, a democracia e a liberdade agora assumiram outro significado que somente alguns "iluminados" conhecem.

"Gerar animosidade". 
Mas qual é mesmo o discurso que está gerando uma guerra? Ah! me esqueci, parece que apenas os iluminados sabem dizer qual é o discurso certo que pode ser dito, o pensamento certo que pode ser pensado. No Brasil temos 60 mil homicídios por ano, a maioria esmagadora não solucionados pela polícia nem julgados pelos tribunais, temos homicidas, traficantes, corruptos, todos condenados, mas sendo soltos, porém, o problema é um senhor dizendo que não concorda com algumas ações de alguns dos detentores de poderes do estado. Entendi. Jogar futebol com a cabeça do presidente, por fogo na bandeira nacional, não se encaixa, nao é?

"Promovendo o descrédito dos Poderes da República".
Primeiro aqui há, também, uma figura de linguagem onde se confunde (propositalmente, ao que parece) instituição (a coisa toda) com os ocupantes de cargo da coisa (parte da coisa). É como falar: "a humanidade agora foi à lua". Isso é figurativo. Quem foi à Lua foram uns poucos, e não toda a humanidade. Eu, pelo menos, ainda não fui. Soa como uma falácia (uma ideia errada transmitida como verdadeira). Eu realmente queria entender como alguém pode promover o ''descrédito'' de instituições que possuem "crédito" perante o povo, da mesma forma que gostaria de saber como se pode querer dar "crédito" a ''instituições'' que estão em verdadeiro descrédito pelo povo. Mais uma vez caímos na proibição de se pensar diferente e no projeto de impedir que as pessoas digam o que pensam. Engraçado que os ateadores de fogo em monumentos históricos estão  todos soltos. Ja perguntei se jogar futebol com a cabeça do presidente, por foho na bandeira nacional, não se encaixa?


Vamos parar por aqui antes que alguém tenha uma crise de risos (ou de choro). 


Já vimos que isso tudo não passa de uma caça às bruxas, ou melhor, aos adversários políticos da elite esquerdista que se acredita iluminada e resolveu colocar-se acima das leis, da constituição e da vontade do povo. Parece que a revolução agora nem é mais sobre a ''luta de classes'', mas de apenas uma classe composta por uns poucos com o "poder da canetada" na mão.


Fico por aqui.


*Elvis Rossi da Silva é advogado, escritor e jornalista independente.

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