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A política do: "...quem manda aqui sou eu!"

Recordo-me de algumas expressões usadas pela garotada nas brincadeiras, entre elas estava "cala a boca já morreu, quem manda aqui sou eu".  Usávamos retrucando quando alguém lhe mandava calar a boca, justa ou injustamente, quando se falava demais ou algo indesejado. Mas nem tudo são flores na vida. Parece-me que tal coisa, hoje, ainda existe, porém, com aspecto não jocoso como na infância, mas sombrio, ameaçador, assentando-se onde não deveria. Ouvir as declarações de alguns políticos e certos ministros de cortes, hoje, faz pensar naquela expressão, porém, com consequências desastrosas para a nossa liberdade. 

É preciso considerar duas coisas. A primeira seria sobre o modelo de Governo que teríamos no Brasil de hoje ante tais condutas. A segunda, seria se devemos desprezar profundamente tais criaturas ignóbeis.

Vamos à primeira. Esses seres não agem mais como funcionários da sociedade, mas como senhores dela, como donos dum grande feudo onde reinam soberanamente, falando e fazendo o que quiserem contra o povo (se bem que lá no feudalismo um senhor feudal não se atreveria a isso sem sofrer as consequências), simplesmente porque nada lhes acontece, nada têm de arriscar para revelar seus pensamentos de dominação, e nada têm a perder, já que parecem (por alguma força desconhecida) inamovíveis de sua posição e irresponsabilizáveis por seus atos. Xingar a população de psicopatas, mínions, ou fazer troça de quem está preocupado com a saúde e quer escolher a procedência do fármaco que está sendo coagido a tomar, ou ainda o uso de policiais armados contra a população civil  etc., etc., etc. já é parte de sua rotina escravocrata, e na função permanecem soberanamente como se nada estivesse acontecendo. 

Alguns deste seres, pela Constituição, realmente são vitalícios em seus cargos, quer dizer, ficarão ali até quando quiserem ou se aposentarem compulsoriamente (bendita compulsoriedade!). E muito embora o termo vitalício (vita = por toda vida) não seja uma palavra de sentido infinito, parece que hoje significa, por exemplo, 'supremo iluminado', ou 'censor supremo', ou ainda 'o supremo poder das galáxias'... Enfim.

Todas essas criaturas esquecem que são, eles, os súditos da sociedade, mas agem como se o Estado e os cidadãos fossem um mero acessório de sua suprema vontade.

E a defesa dessa soberania absoluta e totalmente totalitária (a desprezível redundância é necessária) é feita com tal entusiasmo por eles que chegaria a contagiar, não fosse tão vergonhosa. Talvez numa distopia mística e distante suas ações fizessem algum sentido, mas não na vida real. 

Assim, conseguimos concluir que teríamos uma forma de governo do tipo Feudo-Totalitária-Iluminada-Demagoga, onde o feudo é a sociedade, totalitária porque seus poderes sobre todos são absolutos, sem limites e inamovível, e Iluminada porque são eles, apenas eles, detentores da suprema sabedoria científica inquestionável e inalcançável pelos desprezíveis súditos. Ah, sim! A demagogia é porque manipulam os sentimentos, as paixões populares e as palavras para conquistar e permanecer eternamente no poder político (ou colocar e tirar dele quem eles quiserem).

E a segunda coisa, se deveriam tais criaturas serem desprezadas pelo povo, a resposta seria sim, seriam dignas do mais profundo desprezo e indiferença não fossem seres tão perigosos para a liberdade e o futuro da nossa Democracia.


Fico por aqui.



*Elvis Rossi da Silva é advogado, escritor e jornalista independente.

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