Em homenagem a Bernardo Guimarães ("Orgia dos duendes", poema original do autor). I Meia-noite soou no Congresso, No relógio de sino do salão; E o líder, soberano do processo, Sentou-se no assento de decisão. Deputado apanhava os projetos E no plenário debates acendia, Revirando discursos complexos, Para uma reforma de grande folia. Ao lado, um político astuto, Que saíra do antro dos conchavos, Pendurado num cargo pelo umbigo, Manipulava subornos aos favos. Senador, uma figura amarela, Resmungando com ar carrancudo, Se ocupava em frigir na panela Os acordos com propinas e tudo. Ministra com todo o sossego A caldeira do esquema adubava Com o sangue de um velho premente, Que ali mesmo co'as unhas sangrava. Empresário fritava nas banhas Que tirou das entranhas do Estado, Salpicado com pernas de aranhas, Frescos contratos superfaturados. Vento norte soprou lá na sala, Prestígio na mesa espalhou; Por três vezes ecoou a matraca, Na coalizão o deputado acenou. E o líder com as m
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