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ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...


Os ditos populares geralmente encerram um fato comprovado pela experiência, resumindo, tem em si uma verdade. O ditado "água mole em pedra dura...", não foge à regra. Uso-o como mote de algo terrivelmente real em nossos dias (e para quem acredita que há coisas que só existem na cabeça de quem fala, é uma boa oportunidade para repensar).

A repetitividade é um mecanismo  que condiciona o indivíduo (IVAN PAVILOV que o diga!). E como todo conhecimento pode ser usado para o bem e para o mal, geralmente mais para esse último, imagine o que vem por aí...

Essa repetitividade é uma ferramente destruidora na mão de certos sujeitos "detentores de voz" na sociedade, servindo como instrumento da revolução (aquela que nunca tem fim).

E, por falar em voz, necessitamos falar de palavras.  

Na França na época da Revolução, a linguagem fora usada como instrumento de manipulação do povo. Primeiro buscaram equalizá-la (buscava-se eliminar dialetos e criar uma língua unificada, comum, acho que não preciso falar que isso meche na estrutura íntima da pessoas, de sua identidade, de sua segurança,  de ligação com suas raízes histórias, familiares, de crença, de confiança e lealdade), depois criaram termos novos para significar os "pensamentos" dos revolucionários, davam-se-lhes um significado mais emocional que de razão, por fim, colocavam ênfase em palavras certas que, pela sua carga emocional (e não de significado de uma realidade propriamente dita) iriam acabar por modificar o comportamento das pessoas (essa a finalidade).

Neste método estão inclusos alguns elementos não acidentais, mas fundamentais, e destaco três, 1- quem fala, 2- como fala e 3- o quanto se fala.

O primeiro elemento contribuiu imensamente para a divulgação das "ideias" já que a classe jornalística goza de uma confiança pressuposta, seria ele um sujeito 'verdadeiro' e 'preparado' que, em tese, buscaria revelar às pessoas a verdade, os fatos que acontecem; a classe se revelou como um dos porta-vozes da revolução (dos mais eficientes, diga-se); o segundo elemento é da mesma forma importante, vez que seria difícil ao povo ler complexos livros e volumes inteiros sobre este ou aquele 'pensamento', ou estar nas assembleias da capital, de modo que valeu-se do jornalismo; panfletos traziam as "ideias" dos discursos políticos fervorosos de forma condensada, destacando-se em negrito as novas 'palavras de ordem', sempre carregadas de emoção (um discurso de emoções e não de razões).

O terceiro elemento é a repetitividade, a repetição do discurso revolucionário, a repetição das "notícias", a repetição das palavras de ordem a ponto de (tendo-se já modificado a linguagem e introduzidos novos elementos, o que deixaria o sujeito predisposto para aceitar uma nova ideia) criar um processo emocional capaz de fazer com que a pessoa "pensasse" conforme as emoções do discurso.

A militância jornalística foi uma força revolucionária fundamental para a revolução francesa já que, modificada a linguagem, necessitava-se chegar ao povo com mecanismos capazes de fazê-los "entender" os novos ideais que exigiam mudanças.

Hoje a TV, as rádios, a mídia de massa, revelam-se exatamente como agentes revolucionários, usando do mesmo mecanismo para introduzir novos termos (ou tornar alguns de curso obrigatório) na linguagem do povo, como "branquitude", "novo normal", "ditadura da maioria", "golpismo", "olavismo", "bolsonarismo", "convertidos", "seita olavista", extrema direita", "direito ao corpo", "intolerantes", "terroristas virtuais", e a lista segue, sempre carregados de um emocionalismo evidente e não de razão, pois não refletem uma realidade, mas uma emoção da pessoa que o utiliza, sempre para induzir a pessoa a "pensar", ou melhor, a comportar-se (a despertar um sentimento) conforme as suas "ideias".

Há muito que o jornalismo de massa (ao nível mundial) deixou de ser um transmissor de fatos importantes para ser um agente revolucionário; e quando falo de jornalismo estou falando de jornalistas, chefes de redação e os seus proprietários (porque quem age é o ser humano), todos agentes revolucionários descompromissados com a verdade, com a razão, com fatos, mas compromissados até o talo com a ideologia globalista e da esquerda.

Fico por aqui.


Elvis Rossi

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