Vamos começar do fim pro começo. Já digo que a sociedade terá de decidir menos ou mais liberdade. E explico.
O nome “câmeras de reconhecimento facial” talvez não indique co precisão o que está em jogo. É um termo limitado, até enganoso. O que temos é algo muito mais abrangente: uma tecnologia de rastreamento biométrico contínuo, posicionamento geoespacial e vigilância em tempo real.
Isso porque não se trata apenas de “reconhecer rostos”. A coleta de dados biométricos abrange expressões faciais, padrões de movimentação, voz, íris, e até microexpressões involuntárias que revelam estados emocionais. Além disso, os sistemas que operam essas tecnologias frequentemente cruzam esses dados com localização por GPS, cadastros civis, redes sociais, imagens de câmeras de segurança, e metadados (seu e de muitas outras pessoas a quem você se aproxime por algum motivo). O resultado será que, quem tem essa tecnologia nas mãos, terá também um perfil comportamental abrangente de cada cidadão — constantemente atualizado e sempre acessível. Um conhecimento que a sua própria mãezinha teria inveja.
Jamais na história dos governos houve tamanha possibilidade de controle social em tempo real. Nem mesmo os impérios totalitários do século XX com seus arquivos secretos e redes de delatores sonharam com tal nível de onisciência tecnológica. Ora, se dizem por aí que se o nazismo tivesse o twitter teria dominado o mundo, digo mais, se Stalin tivesse a tecnologia do "reconhecimento facial ligado à IA" teria dominado os nazistas, o mundo e agora seríamos todos carecas (com todo respeito ao meu DNA pouca telha).
O risco é claro: quem detiver o poder destas tecnologias nas mãos, se não houver limites éticos (e homens éticos que respeitem esses limites), o que hoje é vendido como “segurança” pode se tornar uma prisão invisível. É evidente que o tema não é realmente debatido. Fato é que a tecnologia já vem sendo implantada há anos.
Agora some isso com a capacidade de processamento desses dados pelos mecanismos de Inteligência Artificial, crédito social e moeda digital (CBDC - que agora chamam de DLT).
Será que a tecnologia, por si só, não é nem boa nem má? Isso é outra questão, mas, quanto ao "reconhecimento facial", o problema está na tecnologia e na "mão que balança o berço".
Todo esse medo e a necessidade que a sociedade tem hoje de sentir-se "protegida" pode nos custar caro.
Fico por aqui.
*Elvis Rossi da Silva. Cristão, pai de família, advogado. Autor de artigos jurídicos, escritor e jornalista independente.
Livros do autor: Circo Do Mundo , Fábulas para Hoje , Pensamentos ao Filho , Contos Para a Infância , Plúrimas , Aos Amigos que Não Tenho
Telegram: https://t.me/fakingmeter
___________
FAKING METER baseia-se no princípio da apreciação da discussão sobre cultura e política, um diálogo com verdade e honestidade para com o leitor.
Você nos ajudará a manter um oásis revigorante num deserto cada vez mais contencioso do discurso moderno?
Por favor, considere fazer uma doação agora.
Entre em nosso Telegram - https://t.me/fakingmeter - e saiba como no post fixado
Comentários
Postar um comentário