A atual política no Brasil é realmente um caso sério.
A recente CPI da COVID, também conhecida como circo, busca desta vez quebrar sigilo bancário de alguns jornais, jornalistas e rádios.
Quem acompanha um pouco da política nacional sabe que os alvos são aqueles que não têm medo de apontar o dedo para alguns que estão transformando nosso belo país numa Casa de Orates.
Mas o que acontece, de fato, com este pedido de quebra já foi tema tratado aqui sob outro ângulo, é a famosa técnica da retratação discreta (sem falar, e não falarei, da questão de intimidar quem financia o trabalho honesto de jornalistas e jornais).
A Grande Mentira e a Retratação Discreta é usada para desacreditar alguém perante o público, é um ataque frontal alardeado pelos meios de comunicação dominados pelos atacantes, para colocar a opinião pública contra as vítimas da mentira.
Alardear a quebra de sigilo de uma empresa jornalistica (um jornalista), por exemplo, não busca apurar crimes reais, mas desacreditá-la, destruí-la no berço, primeiramente perante aqueles (o povo) que poderiam lhe dar ouvidos, já que busca levar notícia verdadeira à nação; segundamente, impede que ela continue sendo financiada honestamente por aqueles que acreditam no seu trabalho (mas não vou falar desta questão), seja pelo medo, seja pela perseguição.
Uma CPI possui poderes jurisdicionais e pode fazer praticamente de tudo e deveria respeitar os limites constitucionais e legais para sua atuação, mas vemos que tais limites já não existem para certos políticos que se valem das sagradas instituições democráticas para fazer o que bem entendem sem nenhuma consequência.
É uma perseguição clara à liberdade de imprensa e de opinião, que é a última barreira contra uma ditadura, contra um déspota. A voz de um bom homem, uma vez calada, tampará os ouvidos de todo o povo para a verdade.
Uma sociedade não sobrevive à mentira politizada. Essa busca de criar mentiras institucionalizadas causa uma desordem geral, ela possui uma velocidade e influência incontestável.
Ainda que haja uma retratação pela CPI (quer dizer, ainda que os políticos que a controlam não queiram mais quebrar sigilo fiscal e bancário de ninguém), após se alardear a medida, essa retratação jamais terá o alcance que teve a notícia da 'quebra', isso é feito propositalmente. Fazer esta mentira dissimulada entrar na mente das pessoas é um dos piores objetivos.
Quer dizer que, quando há o uso da mentira politizada, como a que vemos, surge a perda da confiança geral da população nestes meios de comunicação (e for fim nas próprias instituições).
Por isso, quando órgãos como uma CPI declaram uma medida gravíssima como a quebra de sigilo bancário e fiscal (ou ameaçam alguém com prisão), imediatamente na cabeça das pessoas surge o pensamento: "nossa, esses sujeitos são realmente corruptos, são realmente bandidos e estão sendo investigados, olha só, PEDIRAM PRA VER ATÉ AS CONTAS BANCÁRIAS PORQUE ESTÃO RECEBENDO DINHEIRO SUJO!", ainda que nada tenha de verdade. Mas o estrago já está feito.
E isso nos faz perguntar: há risco de estarmos (se é que já não estamos) sob uma falsa democracia?
Nesse meio tempo, políticos que praticam sistematicamente violações à constituição e usam as instituições para fins inescrupulosos, vão criando um vazio político da real vontade da nação, calando aqueles que denunciam os verdadeiros corruptores do país, fazendo das instituições democráticas um puxadinho de sua imoralidade, desprezando a vontade do povo. Assim, a democracia vai realmente se degenerando.
Por isso repito a pergunta: há risco de estarmos (se é que já não estamos) sob uma falsa democracia?
Fico por aqui.
*Elvis Rossi da Silva é advogado, jornalista independente e escritor.
Comentários
Postar um comentário